domingo, 9 de janeiro de 2011

Inversão de papéis: borboletas fêmeas cortejam os machos


Estudo constatou que comportamento sexual de espécie de borboletas é modificado dependendo da estação do ano

Certas fêmeas de borboletas se mostram sexualmente agressivas em relação aos machos quando são expostas a temperaturas frias no estágio de larva, um exemplo incomum de trocas de papéis sexuais, revela uma pesquisa publicada nesta quinta-feira (6).

Já quando as lagartas dessas borboletas se desenvolvem durante a estação quente e úmida, são os machos que assumem a iniciativa de sedução.

"O comportamento sexual dessas borboletas é modificado pelas temperaturas durante seu desenvolvimento", explica Kathleen Prudic, do departamento de ecologia e biologia da Universidade Yale (Connecticut, nordeste), coautora do estudo publicado na revista Science do dia 7 de janeiro.

Os cientistas constataram o fenômeno ao observar nas asas de certas borboletas fêmeas da espécie Bicyclus anynana - borboletas africanas muito utilizadas em pesquisas - lindos ornamentos de forma ocular, similares aos dos machos.

Na maioria das espécies, apenas os machos exibem tais adornos tão coloridos para atrair a atenção das fêmeas que escolhem seus parceiros.

Os atores deste estudo teorizaram que os comportamentos sexuais destas borboletas podem ser modificados em função das condições nas quais suas larvas se desenvolvem.

Testaram, então, o comportamento destes insetos cujas lagartas se desenvolveram em temperaturas quentes de 27°C ou frias de 17°C.

E como eles pensavam, as fêmeas de larvas que evoluíram nas temperaturas mais frias eram aquelas que apresentavam os ornamentos parecidos com os dos machos e se mostravam mais agressivas sexualmente.

Essas fêmeas do frio que cortejam ativamente os machos vivem mais tempo que aquelas de desenvolvimento larval de temperaturas quentes e de papel sexual passivo, indicou ainda o estudo.
(AFP)
(IG, 7/1)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

Choro de mulher derruba testosterona


Homens expostos a lágrimas femininas tiveram redução na concentração do hormônio, ligado à agressividade

Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo.
As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora o nível de testosterona do homem que estiver por perto, deixando o sujeito menos agressivo.

Mais: ver uma mulher se acabando de chorar mexe tanto com qualquer marmanjão que ele até deixa de lado sua vontade de fazer sexo com ela para, primeiro, saber o que está acontecendo.

Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada -e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de derrubar até o mais insensível dos durões.

Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando.

Colocaram, então, várias delas para assistir a "O Campeão" (1979), que conta a vida de um ex-lutador decadente que perdeu tudo, menos o filho, que adora o pai. Mas surge a mãe do guri, rica e malvada, que, apesar de nunca ter se interessado por ele, agora quer tirá-lo do pai.

A mulherada caiu no choro, e suas lágrimas foram coletas e levadas para uma sala com dezenas de homens.

Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel, como aqueles utilizados em lojas de perfume como amostra, e deixaram que fossem cheirados pelos homens.

O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido deixando os homens menos machões.

Ficaram tão sensíveis que, quando foram colocados para assistir à grande obra da história da cinematografia "Nove e Meia Semanas de Amor", filme erótico de 1986, relataram estar bem menos excitados do que os homens de um grupo que não tinha sido exposto às lágrimas.

O filme, que rendeu as sequências "Outras Nove e Meia Semanas de Amor" (1997) e "As Primeiras Nove e Meia Semanas de Amor" (1998), das quais os voluntários foram poupados, conta a relação amorosa e sexual (mais sexual do que amorosa) entre um magnata e a funcionária de uma galeria de arte em Nova York.

Os autores do trabalho, liderados por Noam Sobel, do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, publicaram o trabalho na última edição da revista "Science".

Sobel ressalta que faz sentido imaginar que o choro influencie os homens com frequência: "Quando abraçamos alguém amado, colocamos nosso nariz perto do rosto com lágrimas". O efeito acaba alguns minutos após o fim da exposição às lágrimas.

Ele lembra que há perguntas em aberto. Qual, afinal, a molécula presente nas lágrimas? Se fosse isolada, que tipo de produto poderia ser criado? Além disso, o choro masculino comunica algo?

"Nós especulamos que sim, e talvez o choro infantil também." Sobel diz que há, porém, uma dificuldade para fazer estudos assim: é mais difícil fazer homem chorar. "Se precisássemos de lágrimas masculinas neste estudo, gastaríamos vários anos a mais para terminá-lo", diz.
(Ricardo Mioto)
(Folha de SP, 7/1)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência