quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Que fim terá o "Antropoceno"?



Dois livros de 2011 jogam um olhar sobre a história da Terra e da vida que nela habita, com um alerta sobre a crescente redução do gelo e da biodiversidade

Rodrigo Cunha



O mundo que habitamos hoje já foi bastante inóspito no passado e sofreu mudanças significativas ao longo de seus bilhões de anos de existência – uma escala de tempo nada fácil de imaginar. Entre idas e vindas, o planeta já foi diversas vezes coberto de gelo e já foi até mais quente do que nos dias atuais em que o aquecimento global permanece nas pautas de discussão, tanto no meio científico quanto político. A vida encontrou aqui condições favoráveis para florescer e se diversificar extraordinariamente ao longo do tempo. Algumas formas de vida resistiram às inúmeras catástrofes naturais, enquanto outras se extinguiram. Mas as mudanças na Terra nunca tiveram um ritmo tão acelerado quanto no período mais recente de sua história, chamado por alguns cientistas de “Antropoceno”, para caracterizar uma era geológica dominada pela ação do homem.

Esse olhar para o passado geológico do planeta e para as atuais mudanças no clima e suas consequências para a vida são pontos em comum de duas publicações lançadas no Brasil em 2011, às vésperas da reedição do encontro global que o Rio de Janeiro sediou há duas décadas, colocando definitivamente em destaque as questões ambientais. Uma delas é Biodiversidade em questão, de Henrique Lins de Barros, voltada para o público infanto-juvenil. A outra é Um mundo sem gelo, de Henry Pollack, que já havia saído nos Estados Unidos em 2009 e cuja tradução chega agora ao Brasil. Da Eco 92 para cá, não só as discussões sobre o ambiente cresceram em peso e relevância como tornaram-se temas da moda, seja biodiversidade ou mudanças climáticas. Ante tudo o que já foi dito nesses últimos 20 anos, o que esses dois livros teriam como diferencial?

Um deles é a inusitada área de atuação de seus autores – do ponto de vista de um leigo, evidentemente. Barros encarou como um desafio a encomenda que recebeu de Nísia Trindade de Lima, vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para escrever sobre biodiversidade. Ele é físico e sua especialidade é a biofísica de bactérias magnéticas. E é falando de seus estudos sobre esses estranhos seres que ele abre sua narrativa sobre a diversidade da vida na Terra. O resultado, lançado em parceria entre a Editora Fiocruz e a Claro Enigma – braço da Companhia das Letras voltado para publicações paradidáticas –, é um livro de fácil leitura, que resume a saga da vida de forma atraente para o público infanto-juvenil.

Ao descrever os aquários de seu laboratório de pesquisa, com águas coletadas de lagoas do Rio de Janeiro, Barros sinaliza qual será o fio condutor de sua narrativa: em alguns, a vida se adapta às novas condições; em outros, a vida surge surpreendentemente de uma água suja, que aos poucos vai se limpando naturalmente; mas há aqueles em que a água está tão poluída que não há como uma forma de vida se manter ali. Em seu breve resumo da história geológica da Terra, ele faz menção às eras glaciais, a erupções vulcânicas, e ao impacto de grandes asteroides para falar em vidas que se extinguiram e em outras que resistiram às catástrofes naturais e se adaptaram a condições extremas.

Do início ao fim do livro, Barros faz menção ao período mais recente, em termos geológicos, relativo à expansão do homem na Terra e ao aumento vertiginoso do uso dos recursos naturais para atender à demanda da crescente população humana. Boa parte do que ele aponta já é algo bastante explorado na mídia e até mesmo nas escolas, por estar ligado a outro tema da moda, a sustentabilidade. Mas há episódios interessantes em sua narrativa, como a preocupação com o reflorestamento, muito anterior à Eco 92, no reinado de Pedro II, para resolver o problema da qualidade da água para abastecer a crescente população da capital do Império. O livro é uma boa dica para o público jovem.

Um mundo sem gelo, por sua vez, foi escrito por um professor de geofísica da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, especializado em estudar as temperaturas do solo tanto nos continentes terrestres, quanto nos glaciais. Pollack integrou o time de cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2007 com Al Gore, o ex-vice-presidente norte-americano e autor do documentário sobre o aquecimento global: Uma verdade inconveniente. Al Gore, que assina a apresentação do livro, tem um projeto para disseminação das ideias relativas às mudanças climáticas, do qual Pollack participou como professor para treinar disseminadores voluntários, como aposentados, estudantes e donas de casa.

Seu livro, que conta uma história geológica da Terra bem mais detalhada que a de Barros, também narra as dificuldades encontradas pelos navegadores até a recente conquista dos continentes glaciais. Nesses trechos, a narrativa tem o sabor das aventuras de viagem e Pollack revela um talento surpreendente como contador de histórias e a sensibilidade de um apaixonado na descrição do cenário do continente antártico. Em outros trechos, a leitura se torna um tanto densa, com informações geológicas que não dispensam o vocabulário técnico, mas que não chegam a comprometer o interesse do leitor pela saga do personagem principal da narrativa, o gelo.

Pollack faz menção aos céticos que questionam o aquecimento global ou que o admitem, mas negam que ele seja devido às ações humanas. Nos momentos em que Pollack interrompe a narrativa para comentar esse debate, seus argumentos são simples e convincentes. Um deles é que certamente ocorreram fenômenos como os incêndios florestais causados por quedas de raios, antes de o homem aparecer na Terra; mas a ação antrópica em sua expansão pelo mundo superou as causas naturais de desflorestamentos. Outro argumento simples diz respeito ao ritmo de aquecimento ser maior no período mais recente, levando-se em conta os ciclos naturais de esfriamento e aquecimento da Terra: o crescimento da população e da demanda por energia no último século foi exponencial, e o aumento da queima de combustíveis fósseis acelerou o aquecimento global. Como diz Pollack, a ação individual de cada um de nós pode parecer inútil diante de um problema tão grande e inexoravelmente consumado, mas basta multiplicar pelos bilhões de humanos do planeta para ver que fará diferença.



Biodiversidade em questão 
Autor: Henrique Lins de Barros 
Editoras: Claro Enigma e Fiocruz 
Nº de páginas: 94 


Um mundo sem gelo 
Autor: Henry Pollack
Editora: Rosari 
Nº de páginas: 255

Revista Com Ciência

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Notícias Ciência Fácil


Obesidade infantil cresce no Brasil
Crianças entre 5 e 9 anos já apresentam o problema. A grande saída é a reeducação alimentar, que deve ser adotada pela família inteira para ter resultados satisfatórios

POR DANIELE MAIA


Rio - A obesidade já é considerada uma epidemia mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, 60% dos adultos têm sobrepeso (estágio inferior à obesidade) ou já estão obesos. Entre crianças e adolescentes, os números também assustam: entre 5 e 9 anos, 33,5% estão com sobrepeso e 14,3%, obesas.

Para a endocrinologista Carmem Regina Leal de Assumpção, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a grande responsabilidade desse quadro generalizado de briga com a balança é o estilo de vida moderno: “O sedentarismo e os maus hábitos alimentares são os vilões desse processo. É preciso quebrar esse padrão, urgentemente.”

Outro reflexo da vida moderna que impacta na má alimentação da garotada é o número cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho. Com isso, elas têm menos tempo para os filhos e para os afazeres domésticos de um modo geral: “As gerações mais recentes não têm nem mais a referência daquela avó que cozinha maravilhosamente bem e faz a comidinha que o neto pede. São mães e avós profissionais que delegam a casa à empregada. Nesse cenário, é mais fácil oferecer alimentos industrializados, aquelas comidas prontas, que têm excesso de sal, açúcar, gordura e pouquíssimos nutrientes”, explica a nutricionista Márcia Vivas, do Centro Pediátrico da Lagoa. Para ajudar os filhos a emagrecer, nada de dietas milagrosas, recomenda o endocrinologista Luciano Negreiros, autor do recém-lançado “Os superamigos saudáveis”, livro que de forma lúdica orienta a garotada a se alimentar melhor.

Segundo ele, uma boa dica é fazer pratos sempre coloridos. Isso quer dizer que você elaborou uma refeição bem nutritiva, equilibrada e variada, com todos os nutrientes necessários, ou seja, com verduras, legumes, carboidratos e proteína. “A palavra-chave é a reeducação alimentar. E toda a família deve se envolver nesse processo.”

Exigir que a criança passe sozinha por essa reeducação alimentar é o grande erro que as famílias cometem, concorda Mariana Catta-Preta, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário Celso Lisboa: “O hábito alimentar da criança é reflexo do ambiente. Não dá para querer que o filho passe com sucesso por uma reeducação alimentar se em casa os pais continuam enchendo a despensa de guloseimas.”


Nada de televisão no quarto dos filhos

Quem tem filho sabe: televisão dentro do quarto colabora com o sedentarismo da garotada. Agora, um estudo científico traz um alerta que vai servir de argumento para, quem sabe, tirar esses aparelhos do quarto dos pequenos: a pesquisa, realizada pelo Centro de Pesquisa Biomédica de Pennington (EUA), afirma que passar muito tempo em frente à TV dentro do quarto gera excesso de peso e colesterol total elevado.

Eles acompanharam por um ano crianças entre 5 e 11 anos e descobriram que as que possuem televisão no quarto têm mais chances de desenvolver gordura subcutânea, maior circunferência da cintura e triglicerídeo elevado.
Jornal O Dia

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Notícias Ciência Fácil


Bóson de Higgs, o maior feito da ciência em 2012

HERTON ESCOBAR - O Estado de S.Paulo

A revista americana Science anunciou ontem a sua tradicional lista de dez maiores avanços da ciência no ano. O grande campeão de 2012 não poderia ser outro: a descoberta do bóson de Higgs - a chamada "partícula de Deus" -, nas dependências do Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior e mais caro projeto científico de todos os tempos.

A descoberta foi anunciada pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), no dia 4 de julho, em Genebra, num evento que, aconteça o que acontecer, já entrou para a história da ciência. Descobrir - ou demonstrar a não existência - do bóson de Higgs era o maior desafio por trás do LHC, um gigantesco acelerador de partículas subterrâneo com 27 quilômetros de comprimento, que custou US$ 5,5 bilhões para ser construído.

O bóson era a partícula que faltava para completar o Modelo Padrão, o quebra-cabeça de equações elementares da física que descreve a composição e o funcionamento de toda a matéria visível do universo. Segundo a teoria, é a partícula que dá massa a todas as outras partículas, como prótons e elétrons.

"Fecha-se um episódio importantíssimo na história do conhecimento humano. Hoje temos um modelo que descreve com enorme precisão todas as interações relevantes para o mundo subatômico", diz o físico brasileiro Sergio Novaes, da Unesp, um dos seis mil cientistas ao redor do mundo que colaboraram nos experimentos.

A existência do bóson já era prevista teoricamente há mais de 40 anos, mas faltavam resultados experimentais para provar que ela existe de verdade. Foi o que fez o LHC, acelerando e colidindo prótons em velocidades próximas à da luz.

Genômica. Outros nove avanços receberam menção honrosa. Entre eles, o aprimoramento das técnicas de sequenciamento de DNA fóssil, que mapearam com maior precisão o genoma de um hominídeo, e a Enciclopédia de Elementos de DNA (Encode, em inglês), projeto de US$ 288 milhões que desbancou o conceito de "DNA lixo" - os resultados, publicados em setembro, revelam que 80% do genoma humano têm função bioquímica.

Outro destaque foi o desenvolvimento de uma biotecnologia molecular chamada Talent, que permite desligar genes de forma muito mais específica do que pelas metodologias anteriores. Já a biologia celular comprovou que as células-tronco embrionárias podem ser transformadas em óvulos aptos para reprodução.

Na exploração espacial, não poderia faltar a missão Curiosity, da Nasa, que pôs mais um jipe-robô a procurar indícios de vida em Marte. Foram citados ainda estudos com neutrinos na China, o uso de lasers de raio X para determinar a estrutura de proteínas, a descoberta da partícula fêrmion Majorana e avanços na tecnologia de interface cérebro-máquina.
Jornal O Estadão

Notícias Ciência Fácil

Pesquisa revela planetas estranhos além do Sistema Solar da Terra
Busca encontrou planetas de diamante ou iluminados por quatro estrelas.


Nos últimos 20 anos, astrônomos de todo mundo catalogaram cerca de 850 planetas fora do nosso Sistema Solar.

A busca por mundos que orbitem outras estrelas tem levado à descoberta de alguns planetas estranhos, desde um gigante de gás quente, mais escuro que carvão, até um planeta com quatro sóis.

Abaixo, alguns dos exemplos mais estranhos.

Quatro sóis

Em uma cena do filme da saga Star Wars, quando o personagem Luke Skywalker olha para o horizonte, vê dois sóis se pondo no planeta Tatooine.

Os astrônomos já descobriram vários sistemas parecidos com o da ficção, nos quais os planetas orbitam estrelas duplas. Mas, em 2012, uma equipe de voluntários e astrônomos profissionais encontrou um planeta iluminado por quatro astros, o primeiro desse tipo.

O mundo distante fica na constelação de Cygnus, orbita um par de astros e um segundo par gira em volta deles. Ele fica a 5.000 anos-luz da Terra e seu raio é seis vezes maior do que o do nosso planeta (do tamanho de Netuno).

E, apesar de ser puxado por quatro forças gravitacionais diferentes, o planeta PH1 consegue manter uma órbita estável.

A descoberta foi feita por voluntários que usavam o site Planet Hunters, junto com uma equipe de institutos científicos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. O nome PH1 veio do site.

Na época da descoberta, Chris Lintott, da Universidade de Oxford, disse à BBC que a descoberta "não era, em absoluto, algo que estávamos esperando".

Escuridão

Em 2011, um grupo de astrônomos americanos anunciou que um exoplaneta - mundo localizado fora do nosso Sistema Solar - do tamanho de Júpiter e conhecido como TrES-2b era o mais escuro já descoberto, refletindo apenas 1% da luz que o atingia.

O TrES-2b é ainda mais escuro do que tinta acrílica preta e mais preto do que qualquer planeta ou lua do nosso Sistema Solar. Ele fica a 718 anos-luz da Terra e sua massa e raio são quase os mesmos que os do planeta Júpiter.

A distância entre o TrES-2b e sua estrela pode ser um dos fatores responsáveis por essa escuridão.

Em nosso Sistema Solar, Júpiter é coberto por nuvens brilhantes de amônia que refletem mais de um terço da luz do Sol que o alcança.

Mas o TrES-2b orbita a uma distância de apenas 4,83 milhões de quilômetros de seu astro. A energia intensa do Sol esquenta o planeta a mais de 1.000ºC, o que o torna muito quente para a formação de nuvens de amônia. A atmosfera do TrES-2b também tem elementos químicos que absorvem ao invés de refletir a luz.

Mas esses fatores não conseguem explicar totalmente a extrema falta de luz no planeta.

Um dos autores do estudo sobre o TrES-2b, David Spiegel, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, afirma que o planeta é tão quente que "emite um brilho vermelho fraco, muito parecido a uma brasa ou à espiral de um forno elétrico".

Diamante

Um planeta próximo na constelação de Câncer pode ter uma composição peculiar. O corpo celeste, conhecido como 55 Cancri E, "provavelmente é coberto de grafite e diamante em vez de água e granito", segundo o astrônomo Nikky Madhusudhan, da Universidade de Yale.

O 55 Cancri e pertence à classe de mundos conhecida como planetas-diamante e acredita-se que seja rico no elemento carbono, que pode existir em várias formas estruturais, como grafite ou o diamante. Planetas ricos em carbono contrastam muito com a Terra, cujo interior tem, relativamente, pouco deste elemento, mas é rico em oxigênio.

Ele fica a 40 anos-luz da Terra e o raio do planeta é duas vezes o tamanho do raio da Terra.

Em 2012, Madhusudhan e seus colegas publicaram as primeiras medidas do raio do exoplaneta. Estes novos dados, combinados com as estimativas mais recentes da massa 55 Cancri E, permitiram que os cientistas deduzissem a composição química.

Para fazer isto, eles usaram modelos em computadores do interior do planeta e calcularam as possíveis combinações de elementos e compostos que poderiam ter as características observadas.

Os resultados sugerem que o 55 Cancri E é, em sua maior parte, composto de carbono (na forma de grafite e diamante), ferro, carboneto de silício e, potencialmente, silicato.

Os cientistas estimam que pelo menos um terço da massa do planeta seja de diamante, o equivalente a três vezes a massa da Terra.

Engolido

Localizado na constelação de Auriga (também conhecida como Cocheiro), a 600 anos-luz da Terra, o planeta Wasp-12b está sendo devorado lentamente pela sua estrela, a Wasp-12.



O planeta gigante orbita tão próximo à estrela semelhante ao Sol que sua temperatura chega a 1.500ºC. Ele está sendo distorcido, chegando à forma de uma bola de rúgbi, devido à gravidade da estrela.

A grande proximidade entre o Wasp-12b e a estrela levou a atmosfera do planeta a se expandir a um raio três vezes maior que a de Júpiter. Material proveniente dela está "vazando" para a estrela.

"Vemos uma grande nuvem de materiais em volta do planeta, que está escapando e será capturado pela estrela", disse a astrônoma Carole Haswell, da Open University britânica.

Haswell e sua equipe usaram o telescópio Hubble para confirmar estimativas anteriores a respeito do planeta e divulgaram a descoberta na publicação científica The Astrophysical Journal Letters.

Os pesquisadores dizem que o planeta pode ainda existir por mais 10 milhões de anos antes de se apagar. BBC Brasil
Jornal O Estadão

Notícias Ciência Fácil

Cannabis não alivia dor mas a torna mais tolerável, segundo estudo britânico
Substância reduz a atividade em regiões do cérebro associadas à parte emocional da dor

Efe

LONDRES - A cannabis não serve para aliviar a dor mas a torna mais tolerável para algumas pessoas, segundo um estudo da universidade britânica de Oxford divulgado neste sábado.



Os autores do estudo, publicado no último número da revista Pain, descobriram que a substância psicoativa da cannabis reduz a atividade em regiões do cérebro associadas à parte emocional da dor.

Por outro lado, essas mudanças não foram detectadas na região do cérebro associada diretamente à sensação de dor. Os especialistas afirmaram que a cannabis pode tornar a dor mais tolerável, embora não em todos os casos, já que algumas pessoas não são sensíveis aos seus efeitos.

A equipe de pesquisadores do centro de ressonância magnética do cérebro da universidade de Oxford, dirigido por Michael Lee, baseou suas conclusões em um pequeno experimento com doze pessoas saudáveis.

A atividade cerebral delas foi acompanhada após a ingestão de uma pastilha com 15 miligramas de THC, substância psicoativa da cannabis e responsável por seus efeitos. Depois, os pesquisadores provocaram dor nas 12 pessoas ao passar em suas pernas um creme com o componente que causa a ardência da pimenta-malagueta. Também foi feito um teste com a aplicação de placebo ao invés do THC.

Os cientistas observaram que com o THC os voluntários avaliavam que a dor era mais tolerável. Além disso, notaram que seu consumo ativava a região do cérebro que determina "a reação emocional à dor", e não a que codifica "a sensação" de dor.

Para corroborar estas conclusões, Lee disse que serão precisos mais estudos, realizados por mais tempo e com pacientes com dor crônica.
Jornal O Estadão