por Katherine Harmon | ||||||
Então, as nuvens contribuirão para a mudança climática ou ajudarão a atenuá-la? “Neste momento, não entendemos qual é essa relação,” explica Anthony Del Genio, cientista atmosférico da Nasa, que trabalha no Instituto Goddard de Estudos Espaciais, na cidade de Nova York. Mas um novo estudo, publicado na revista Science, dá mais um passo adiante para a compreensão dessa complicada dinâmica, que será vital para se entender detalhadamente como nosso planeta será daqui décadas e séculos. Quando se trata de prever as mudanças climáticas, nem todas as nuvens são formadas igualmente, ressalta a principal autora da pesquisa, Amy Clement, da Escola Rosentiel de Ciência Marinha e Atmosférica, da University of Miami. Segundo a cientista, as nuvens mais altas, como as cumulonimbus, produzem um efeito estufa (gerando umidade e re-emitindo radiação para a superfície), ao passo que as mais baixas agem de forma semelhante a um guarda-chuva, protegendo a Terra dos quentes raios solares. Clement e sua equipe examinaram as nuvens estratiformes de baixa altitude sobre o nordeste do Oceano Pacífico. Pela comparação de conjuntos independentes de dados observacionais, acumulados durante os últimos 50 anos por navegantes e satélites, eles esperam entender como os relatos de cobertura de nuvens se relacionam com a temperatura e circulação do vento – e vice-versa. Para a surpresa desses pesquisadores, as observações marinhas e espaciais eram incrivelmente semelhantes, o que contribuiu para o crédito dessas fontes de dados, tachadas por muitos como não confiáveis. A equipe sistematizou um modelo de clima (no Centro Hadley de Mudanças Climáticas, localizado no Reino Unido) que complementou muito bem seus dados. Esse modelo mostrou que o aquecimento das temperaturas da superfície e a diminuição da circulação de ar – tendências que devem ser mantidas num clima em mudanças – levam a uma menor quantidade de nuvens de baixas altitudes. E isto quer dizer temperaturas ainda mais altas na superfície terrestre. Mas há ainda muito mais trabalho ainda a ser feito. “Acho que é um fragmento muito impressionante de análise observacional”, afirma Del Genio, que não integrou o estudo. “É a primeira vez que se demonstram essas mudanças através das décadas.” No entanto, complementa, o único modo de sustentar essas conclusões experimentais é a identificação de mais modelos. É difícil estabelecer um modelo para as nuvens de baixa altitude, admite Clement. “São formadas em uma escala microfísica.” Segundo a pesquisadora, o modelo do Hadley provavelmente foi o mais bem-sucedido, pois continha o maior número de informações sobre os complexos processos ocorridos na atmosfera inferior, onde há contato com a superfície terrestre (uma região, explica Clement, para a qual é muito mais difícil de se construir um modelo do que para a circulação em larga escala presente na atmosfera superior). E, como sempre, há a questão de como relacionar os eventos climáticos cotidianos às tendências climáticas a longo prazo. Como Clement ressaltou, “ao observar hora a hora os processos que acontecem nas nuvens, obtém-se um quadro muito complexo”. Porém, “os dados, ao serem analisados em uma escala de tempo de décadas, parecem resultar neste quadro muito simples: quando a superfície oceânica está quente e a circulação, pouca, a cobertura de nuvens é reduzida”. |
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Mudanças climáticas levarão a uma menor formação de nuvens?
O etanol do milho é prejudicial ao clima?
O governo Obama diz não, a Califórnia diz sim. Quem está com a razão? | ||||||
por Douglas Fischer* | ||||||
Reguladores e peritos em políticas insistem na inexistência de um conflito: as duas regras obedecem à ciência; é simplesmente uma questão de em que ano se começa a contabilizar as emissões. De fato, o timing é tudo. A Califórnia verificou suas atuais emissões associadas ao etanol de milho e concluiu que eram demasiado elevadas. A Casa Branca, visando triplicar a produção anual para 163,29 bilhões de litros por ano em 12 anos, baseou sua decisão em projeções para o ano 2022. O governo presumiu que uma produtividade maior, mais eficiência de produção e novas descobertas mitigariam as emissões. “Não existe conflito”, declarou Stanley Young, um porta-voz do California Air Resources Board (CARB), o órgão californiano que executa a primeira iniciativa nacional contra o aquecimento global. “Utilizamos metodologias diferentes”, alegou. “Além disso, indicamos que há vários caminhos para produzir etanol de milho com volumes de carbono que se encaixam em nossos padrões”, acrescentou. “Nem todos os etanóis são criados iguais”. A decisão suscitou algumas dúvidas – e ceticismo – entre os peritos, que questionam se o governo não teria aproveitado uma folga política, propiciada pelas projeções futuras, para chegar a uma conclusão politicamente expediente. “À primeira vista, isso parece um tanto duvidoso”, diz Nathanael Greene, diretor da política de energia renovável do Natural Resources Defense Council (NRDC). “Você pode até acreditar nisso, mas de todo modo, eles fazem muitas projeções sobre como será a produtividade, como estará o mercado”. “O resultado é que as coisas parecem bem mais positivas naquele ano (2022) que a Califórnia calcula”. Para atender ao padrão renovável do país, o “ciclo de vida” de emissões de carbono de um combustível deve estar pelo menos 20% abaixo do da gasolina. Calcular esses custos é complicado. As lavouras de plantas que geram combustíveis tendem a substituir as que produzem alimentos, e isso origina novas emissões à medida que os fazendeiros derrubam florestas e cultivam terras previamente intocadas para atender à demanda de alimentos. Essas emissões podem ser consideráveis. Um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences concluiu que o Brasil corre o risco de contrair uma dívida de carbono de 250 anos, com base no desmatamento esperado até 2010, à medida que o país expande sua produção de álcool de cana-de-açúcar e biodiesel de soja. Os pesquisadores estão céticos quanto às alegações federais de que os avanços do etanol serão suficientes para compensar as emissões associadas ao desalojamento de lavouras de alimentos. “Isso não é consistente com o que tenho lido em publicações revisadas por iguais”, declarou David Tilman, um professor de Ecologia da University of Minnesota, que estudou o conflito entre os biocombustíveis e as lavouras de alimentos. “Você pode fazer projeções muito otimistas sobre produtividades futuras, mas se verificar as tendências passadas verá que até durante a Revolução Verde os aumentos foram insuficientes para atender às demandas que teremos no futuro”. Evidências recentes, vindas do Brasil, sustentam esse ponto. Uma equipe de pesquisadores, chefiada por David Lapola, da Universidade de Kassel, na Alemanha, constatou que 90% da expansão brasileira de cana-de-açúcar, nos últimos cinco anos, desalojaram terras de pastagens, forçando os criadores de gado a avançar floresta adentro. O grupo de Lapola concluiu que o plano do Brasil, de ampliar suas lavouras destinadas a biocombustíveis na próxima década, forçará as áreas de pasto a penetrar em mais de 121.730 km2 de florestas e outros 45.998 km2 de habitats indígenas. Isso equivale a uma área igual a dos estados de Nova York e New Jersey combinados. “Parece que no caso do etanol de milho americano, haverá muito atrito (inclusive a utilização indireta de terras) com as lavouras de produtos alimentares, não só nos Estados Unidos, como no exterior”, Lapola informou via e-mail, da Alemanha. O governo Obama insiste em ter utilizado a ciência mais recente e precisa. Ao falar à imprensa, quando a mudança foi anunciada, o Secretário da Agricultura Tom Vilsack frisou que a ciência da produtividade de lavouras “está evoluindo constantemente”. A administradora da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) Lisa Jackson defendeu os cientistas de seu órgão governamental em meio a acusações de que a instituição cedeu a pressões do lobby agrícola. “Não concordo que tenhamos mudado a ciência para adaptá-la a qualquer resultado”, declarou ela. “Eu não assinaria uma norma se não acreditasse que tivéssemos atendido às exigências da lei”. Mas, sob certos aspectos, a economia de carbono derivada do etanol de milho pode ser um ponto secundário – ou até mesmo questionável. Ao anunciar a mudança de política, o governo ressaltou o potencial do biocombustível para criar empregos e proporcionar independência energética. Falando a governadores, o presidente Obama mencionou a mudança climática apenas uma vez: “mesmo que não acreditem na severidade da mudança do clima, como eu, ainda assim vocês deveriam seguir esta agenda”. Além disso, o governo – e muitos na indústria do etanol – encaram o combustível à base de milho como uma ponte para biocombustíveis menos intensivos em carbono. “Acreditamos que este é o rumo do mercado”, disse Vilsack. Mas a pressão para desenvolver etanol de milho tem um preço e Greene, do NRDC, questiona se essa é a política mais sábia. “É tolice fazer o que estamos fazendo hoje, que é mandar, conceder múltiplos créditos de impostos e outros subsídios governamentais”, ponderou ele. “Estamos subornando o mercado... Isso são US$ 5 bilhões por ano que poderíamos utilizar para ajudar nossos fazendeiros e nossa indústria a desenvolver a próxima geração desse material”. Referindo-se ao Brasil, Lapola observou que alguns biocombustíveis não têm a enorme pegada de carbono, deixada pela cana-de-açúcar, a soja ou o milho. Mas enquanto os governos mantiverem um rigoroso controle sobre mudanças no uso de terras, ele acredita que os biocombustíveis constituem uma boa opção para contornar a necessidade de combustíveis derivados do petróleo. “Uma forma de contornar, mas não uma solução completa”, acrescentou. “O fato é que, a partir de agora, precisamos avaliar mais cuidadosamente nossa matriz energética para não incorrer nos mesmos erros que cometemos com o petróleo”. *Esse artigo foi publicado originalmente em The Daily Climate, a fonte de notícias sobre mudanças climáticas da empresa de mídia sem fins lucrativos, Environmental Health Sciences. |
Fósseis revelam dinossauros aquáticos
por Matt Kaplan | ||||||
Os resultados, publicados na revista Geology, por Romain Amiot, da Universidade de Lyon na França, e uma equipe de colegas, demonstram que os dinossauros não estavam, na verdade, restritos à terra como se pensava anteriormente. Animais aquáticos, como os plesiossauros e os ictiossauros, que, embora pareçam com dinossauros, não fazem parte da linhagem dos dinos. Baryonyx walkeri, da família dos espinossauros, possui um crânio longo e parecido com o de um crocodilo, cheio dos característicos dentes em formato de cone. Quando ele foi encontrado, as teorias eram que, com esses dentes perfurantes, em vez dos dentes serrados normalmente encontrados em carnívoros aparentados, como o Tyrannosaurus rex, e um focinho grande, esse dinossauro se alimentasse de peixes. Evidências de um comportamento piscívoro vieram com a descoberta de escamas de peixe parcialmente digeridas no estômago fossilizado dentro de um esqueleto de Baryonyx escavado na Inglaterra em 1983. Mas os conteúdos estomacais também continham restos de dinossauros, e outras evidências posteriores demonstram que os pterossauros também eram parte da dieta dos espinossauros, tornando a questão mais complicada. A ausência de barbatanas, membranas entre os dedos das patas ou caudas propulsoras perceptíveis também não sugeriam um modo de vida aquático. Isso levou Amiot e seus colegas a procurarem isótopos de oxigênio presos dentro do esmalte dos dentes do espinossauro e compará-los com os isótopos de oxigênio encontrados nos dentes dos crocodilos e outros dinossauros e em fragmentos de cascos de tartarugas do mesmo período. Animais que passam muito tempo em um ambiente seco perdem água na respiração e na evaporação pela pele. Pelo fato de o oxigênio-16 ser mais leve do que outro isótopo – o oxigênio-18 –, ele é liberado de forma mais frequente com o vapor d\\'água. Em consequência, o oxigênio-18 se torna mais concentrado nos tecidos e no momento da formação do esmalte dos dentes. Estando submersos grande parte do tempo, animais aquáticos perdem menos água do que os terrestres, e, portanto, o oxigênio-18 possui uma concentração relativamente menor nos seus tecidos. Animais aquáticos também bebem e urinam mais rapidamente que os animais terrestres; essa lavagem constante com água doce mantém as concentrações de oxigênio-18 baixas. Os pesquisadores raciocinaram que, se os espinossauros fossem aquáticos, a concentração de oxigênio-18 nos seus tecidos iria ser bastante parecida com a de animais aquáticos como os crocodilos e as tartarugas, e seria bem menor que os valores dos isótopos de outros animais. Para ver se esse era o caso, a equipe coletou dados de isótopos de 133 espécimes do Cretáceo – mistura de espinossauros, outros dinossauros, crocodilos e tartarugas – em quatro continentes diferentes. Eles relataram que os espinossauros apresentaram valores de oxigênio-18 1,3% menores que os encontrados em dinossauros terrestres – uma diferença estatisticamente significativa. Ao contrário, os valores de oxigênio-18 em crocodilos e espinossaurídeos não diferiram de forma significativa. A equipe argumentou que isso indica que os espinossauros viviam em ambientes aquáticos. “Essa é uma ilustração intrigante de como as análises cuidadosas do isótopo podem ser utilizadas para diferenciar os ambientes nos quais os dinossauros e outros organismos viviam”, afirma o paleontologista Michael Benton, da University of Bristol, no Reino Unido. Uma objeção em potencial contra as novas descobertas é que uma dieta composta, principalmente, de animais aquáticos como peixes, levaria à ingestão de comida inerentemente pobre em oxigênio-18 e faria com que os tecidos do espinossauro adquirissem valores de oxigênio-18 baixos. No entanto, Amiot argumenta que “mesmo se os espinossauros comessem somente peixes e fossem animais terrestres, eles evaporariam a água desses peixes ingeridos pela pele e pela respiração e terminariam com uma assinatura isotópica terrestre”. “O método que eles estão usando é sutil e controverso, mas, com o resultado repetido em numerosos espécimes de espinossauros de tantas localidades diferentes, ele pode muito bem estar certo”, afirma Benton. No entanto, para alguns, é o visual não aquático do esqueleto do dinossauro que é difícil de ignorar. “Eu não duvido dos dados de isótopos, mas se eles viviam na água, eu fico perplexo pelos espinossauros não terem membros modificados para propulsão aquática, ou caudas flexíveis e propulsoras observadas tipicamente em animais aquáticos”, questiona Paul Barret, um paleontologista do Natural History Museum em Londres. Amiot não consegue responder essa pergunta ainda, mas ele está disposto a começar a investigar o momento no qual os espinossauros começaram as suas vidas aquáticas, e espera que uma compreensão de quais forças os levaram para a água possa explicar de forma mais acertada os mistérios que ainda Os hábitos semiaquáticos dos espinossauros os ajudaram a coexistir com os tiranossauros permanecem sobre o grupo. Scientific American Brasil |
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Água da privada é potável?
por Texto Michele Silva
Não. Nunca. Nem pense nisso. Se pensou “poxa, mas a caixa-d’água é a mesma, a louça é tão branquinha”, pensou errado. E, se agiu antes de pensar, deve procurar um médico. Sério, existem formas mais higiênicas de chocar a sociedade burguesa.
De acordo com o biólogo e professor de saúde ambiental da USP José Luiz Negrão Mucci, seres humanos que beberem água do vaso podem ter graves complicações (cachorros e gatos são mais resistentes). “Ali há protozoários e bactérias que podem causar diarréia, hepatite e infecções que ficam no organismo durante um longo período”, diz. Além disso, o cloro colocado pelos órgãos de tratamento da água não tem a concentração suficiente para matar todos os germes que ficam no vaso.
Mesmo que a idéia de matar a sede na privada nunca tenha passado pela sua mente sã, é preciso tomar cuidado, pois objetos próximos do trono também podem ser contaminados. Em alguns exames, foram encontrados micróbios de origem fecal nas cerdas de escovas de dentes. A origem, claro, era a privada, provavelmente porque alguém deu descarga com a tampa aberta, lançando bactérias pelo ambiente.
Mas, calma, não precisa jogar no lixo tudo que estiver sobre a pia do banheiro. O biomédico garante que os desinfetantes e a limpeza regular matam as bactérias, e o risco de contaminação é pequeno. “É um dos locais menos contaminados, porque é limpo regularmente”, diz. Mas, por precaução, é bom manter objetos de uso pessoal protegidos no armário.
Revista Superinteressante
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
O que é gordura trans?
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Todos os sentidos
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
A aspirina pode trazer benefícios ao coração?
por Juliana Pettinati, Sorocaba, SP
Ela não tem efeito direto sobre o coração, mas pode beneficiá-lo desde que bem ministrada. O ácido acetilsalicílico substancia presente na aspirina, evita que as plaquetas partículas do sangue com a função de coagulantes se aglutinem. A aglutinação dessas partículas facilita a formação de coágulos, que obstruem as artérias e podem provocar ataques cardíacos. Mas a aspirina, para esses fins, só deve ser usada com indicação médica, e com dosagem especifica, por pacientes com predisposição à formação de coágulos. Do contrario, os benefícios podem ser menores que os malefícios, já que o ácido é um irritante da mucosa do estômago, podendo provocar úlcera ou gastrite, explica o cardiologista Miguel Nassif, do Instituto de Grastroenterologia de São Paulo.
Revista Superinteressante
O que é esclerose múltipla?
domingo, 10 de outubro de 2010
População de lontras-do-mar está em perigo | ||||||
Queda no número de nascimentos preocupa conservacionistas da Califórnia | ||||||
por John Platt | ||||||
Populações de lontras-do-mar (Enhydra lutris nereis) do sul da Califórnia caíram pelo segundo ano consecutivo, incluindo uma dramática queda nos nascimentos, segundo novos números divulgados pelo U.S. Geological Survey (USGS). Ao mesmo tempo, o dinheiro necessário para estudar e ajudar a salvar essas lontras pode evaporar rapidamente em meio à crise por que o estado passa. A mais recente contagem de 2010 contabilizou 2.711 indivíduos, queda de 3,6% da média do ano passado. O mais alarmante é que o número filhotes caiu 11%, aos níveis de 2003. Enquanto isso, o intervalo de lontras ao longo da costa da Califórnia já diminuiu 50 km, por razões ainda não descobertas. Embora não exista nenhuma razão clara para o declínio, a redução em série é conhecida por possíveis causas: "Os dados sugerem que fêmeas na idade de reprodução estão morrendo em número maior que o habitual por múltiplas causas, incluindo doenças infecciosas, exposição a toxinas, insuficiência cardíaca, desnutrição e ataques de tubarão", disse Tim Tinker, cientista do projeto de pesquisa da USGS. Tinker é professor-adjunto da ecologia e biologia evolutiva na University of California Santa Cruz (UCSC). Existem algumas dúvidas sobre a nova conta. O Projeto Lontra – com sede em Monterey, Califórnia – aponta o total de 2.711 lontras, ligeiramente acima do ano passado. Mas os autores do estudo não acreditam ser um sinal de que os animais estejam mais saudáveis: "A contagem é sempre ligeiramente acima, o que é um bom sinal. Mas o número de crias está acentuadamente baixo, o que é um mau sinal. E os encalhes até esta data são muito ruins”, afirmou Steve Shimek, fundador do Projeto Lontra. Tinker está conduzindo um novo estudo pela UCSC para saber mais sobre os fatores que podem prejudicar a saúde das lontras-do-mar, porém o financiamento poderá em breve deixar de existir. Parte do dinheiro disponível para estudar esses animais e ajudar a salvá-los vem do Fundo de Pesquisa do Mar da Califórnia, que paga grande parte da pesquisa com espécies e é voluntariamente financiado pelas contribuições de empresas e pessoas físicas. As doações deste ano chegaram a apenas US$ 31 mil. Felizmente esses animais têm sido protegidos pela Lei das Espécies Ameaçadas desde 1977. Eles só podem ser retirados da lista de espécies ameaçadas de extinção se a população for superior a 3090 indivíduos por três anos consecutivos. |
Sequenciado o genoma do cacau | ||||||
A versão pública do genoma está 92% concluída e já identificou cerca de 35 mil genes | ||||||
por Katherine Harmon | ||||||
Os fabricantes do M&Ms decodificaram uma receita para alguns dos seus produtos mais populares: o genoma da árvore do cacau (Theobroma cacao). A sequência, publicada on-line no dia 15 de setembro e disponível gratuitamente para o público, foi montada pela Mars Inc. em parceria com o Departamento de Agricultura dos EUA. A árvore de cacau (cujas sementes são usadas para fazer o chocolate) se une a outras culturas amplamente consumidas, como milho, trigo e arroz, que já tiveram seu genoma sequenciado. Muitos países produtores de cacau são relativamente pobres e não dispõem dos recursos necessários para o estudo genético avançado. A cultura está entre as 10 colheitas mais negociadas no mundo. A planta do cacau é cultivada em cerca de 17 milhões de hectares em todo o globo e o maior produtor, a Costa do Marfim, exportou cerca de 1,3 milhão de toneladas de sementes de cacau em 2005. Os pesquisadores estão refinando os dados antes de submetê-los à revisão por colegas. Mas a versão on-line é "plenamente funcional", segundo Howard-Yana Shapiro, botânico da Mars e professor-adjunto na University of California. A versão pública do genoma está 92% concluída e já identificou cerca de 35 mil genes, segundo pesquisadores que trabalham no projeto. Os cientistas admitem que o mapeamento do genoma do cacau realizado pela Mars "era de nosso interesse", diz Juan Carlos Motamayor, pesquisador e geneticista. Mas, observa ele, os dados também poderiam ajudar a impulsionar a subsistência dos trabalhadores que cultivam cacau e do processo, muitos dos quais vivem na pobreza e trabalham em pequenas propriedades. Os criadores de cacau poderão começar a utilizar os dados da sequência para selecionar características, como produtividade e resistência, bem como melhorar defesas das plantas contra pragas, dizem os pesquisadores. Os cacaueiros levam vários anos para amadurecer e podem produzir os frutos por décadas. Com esperança de que a nova informação irá eventualmente ajudar os produtores a dobrar ou triplicar seus rendimentos, o genoma pode percorrer um longo caminho para a criação de "um modelo econômico que seja sustentável", observa Shapiro. Mais resistentes, as culturas com melhor produção também poderiam “adoçar” os preços dos chocolates. |
Fósseis de vírus revelam infecção de milhões de anos | ||||||
Descoberta de traços genéticos da hepatite B melhora o conhecimento sobre a evolução viral | ||||||
por Katherine Harmon | ||||||
Vírus são organismos que podem se adaptar rapidamente para ultrapassar as barreiras à infecção. Pesquisas recentes têm encontrado vestígios antigos de alguns vírus no genoma de determinados animais. Um novo estudo descreve a evidência de umhepadnavírus (grupo de vírus que inclui hepatite B, que infecta os seres humanos, bem como outros mamíferos e algumas aves) oculto no genoma dos pássaros modernos. Os pesquisadores responsáveis pelo novo trabalho dizem que a estimativa pode ser de pelo menos 19 milhões de anos. Esses fósseis, chamados virais, não são relíquias mineralizadas, mas sim pedaços de códigos genéticos lidos ao longo do genoma de um organismo hospedeiro. Um estudo realizado em julho descreve dezenas de exemplos de códigos virais no genoma dos vertebrados, muitos dos quais provavelmente existiram há cerca de 40 milhões de anos. "Esses vírus são ‘fósseis’ de DNA e podemos colocar todos juntos novamente e ressuscitar espécies extintas", dizem os pesquisadores. "Sabemos que isso soa muito assustador, como ficção científica", acrescentam, "mas isso realmente pode responder as perguntas em termos da biologia do vírus". Os pesquisadores podem quebrar a cabeça com os ossos fossilizados e discutir indefinidamente sobre se um hominídeo caminhava ereto ou não. Mas com o material genético de um vírus extinto na frente deles, eles podem recriá-lo em laboratório. O processo (feito em um cenário altamente protegido) poderá, eventualmente, revelar como essas “máquinas” foram capazes de sobreviver e prosperar com essas inserções. |
Quer emagrecer? Durma mais e melhor | ||||||
Estudo revela que boa noite de sono ajuda na queima de gorduras para quem faz dieta | ||||||
por Katherine Harmon | ||||||
Ter uma noite de sono contínuo pode não parecer a melhor receita para perder peso, mas diversas pesquisas apontam a importância de ter um sono eficiente. Um novo estudo mostra que não dormir o suficiente pode comprometer severamente a capacidade das pessoas de perder gordura extra. Pesquisadores descobriram que quando alguém em dieta tem uma noite de descanso completo, mais do que se duplica a quantidade de peso perdido das reservas de gordura. Pessoas cansadas também relataram sentir mais fome do que quando tinham tido uma boa noite de sono. Os resultados do estudo foram publicados no dia 4 de outubro no Annals of Internal Medicine. "Dormir menos - comportamento onipresente na sociedade moderna - parece comprometer os esforços para a perda de gordura", disse Plamen Penev, professor-assistente de medicina na University of Chicago e coautor do estudo. Os participantes do estudo perderam cerca de 55% mais gordura quando o sono foi suficiente. Para o estudo, 10 voluntários com excesso de peso (idades entre 35-49 anos e com um índice de massa corporal médio de 27,4 kg) iniciaram um plano alimentar personalizado, que reduziu calorias (para uma média de 1.450 por dia), mas mantiveram um estilo de vida sedentário. Durante duas semanas, os sujeitos relataram ter passado 8,5 horas por noite na cama (com um tempo médio de sono de cerca de 7 horas e 25 minutos), e, durante um segundo período de duas semanas, foram autorizados apenas a 5,5 horas por noite de sono (com um tempo médio de sono de 5 horas e 14 minutos). Durante as duas sessões de estudo, os voluntários perderam cerca de 3 kg - quase metade da quantidade quando dormiam por mais tempo. O metabolismo é controlado em parte por hormônios, como a grelina, que estimula a fome e reduz o consumo de energia. Quando os sujeitos do estudo estavam dormindo menos de 6 horas, os níveis de grelina passaram de 75 nanogramas por litro para 84 ng/litro. Os níveis mantiveram-se estáveis quando os indivíduos tinham pleno descanso. Eles seguiram uma dieta rigidamente controlada mesmo com baixas calorias durante as duas fases do estudo e a diferença de peso e perda de gordura entre o sono adequado e poucas horas de sono poderia ser ainda mais acentuada. Outra pesquisa também sugere que dormir o suficiente é crucial para ter uma boa saúde em longo prazo. |