segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Busca por universos paralelos é 'promissora', diz cientista


A ideia de universos paralelos sempre exerceu fascínio sobre cientistas, teóricos e roteiristas de filme, mas pouco consideravam a hipótese mais do que uma teoria divertida e capaz de dar "nós" no cérebro. Entretanto, agora cientistas estão pensando uma maneira de averiguar a existência de outros universos, partindo da crença de que, se eles existem, teríamos "esbarrado" uns nos outros. As informações são do site especializado Space.

Estas colisões deixariam marcas na radiação das micro-ondas cósmicas de fundo (CMB, na sigla em inglês), ou seja, na luz residual da explosão do big bang que permeia o universo. E é a partir do estudo desta radiação que os pesquisadores esperam descobrir se há indícios da existência de outros universos.

O conceito de universos múltiplos vem da teoria de inflação eterna, que propõe que, após o big bang, o espaço-tempo se expandiu em diversas frentes e em diferentes níveis, dando origem a universos-bolha que funcionam com suas próprias leis da física.

Descobertas promissoras
Daniel Mortlock, astrofísico da universidade College London, e sua equipe começaram as buscas por marcas de colisões entre universos, mas ainda não chegaram a resultados conclusivos. De acordo com Mortlock, o choque entre universos deixaria um padrão circular na luz residual do big bang. "Se você imagina duas bolhas se chocando, elas teriam marcas circulares na superfície de encontro, e é isso que estamos procurando na CMB", explica o astrofísico.

A equipe criou um algoritmo de computador para analisar os dados observados na CMB em busca do padrão circular. Em dados coletados pela Nasa, a agência espacial americana, o software encontrou quatro regiões "promissoras", mas os cientistas ainda consideram possível que se trate apenas de uma coincidência. O próximo passo da equipe é trabalhar com dados do observatório espacial europeu.

Para Mortlock, a existência de múltiplos universos tornaria mais fácil compreender porque o nosso universo reuniu todas as características "certas" para o surgimento da vida e do sistema solar. Se o número de universos é infinito, aumenta a probabilidade da junção de fatores que configuram o nosso. Mortlock já publicou dois artigos sobre o tema, mas ainda afirma que "é difícil pensar sobre o tema".
Jornal O Dia

quarta-feira, 9 de março de 2011

Florestas da Antártida viviam meses no escuro

Exemplar da planta 'Ginkgo biloba', que sobreviveu
à escuridão na Antártida. (Foto: SLP / via BBC)

Howard Falcon-Lang - BBC - 10/02/2011

Antártida sem gelo

Cientistas que estudam fósseis de plantas e animais encontrados na Antártida descobriram que esses seres possuíam mecanismos sofisticados que lhes permitiam sobreviver vários meses no escuro.

Segundo teorias, no período em que essas criaturas viveram, cem milhões de anos atrás, a Terra estava à beira de um aquecimento extremo.

As calotas de gelo que tinham coberto os pólos haviam praticamente derretido, permitindo que amplas florestas crescessem no local.

Hoje, com o aumento nas médias de temperatura registradas no Continente Antártico, os cientistas não descartam a possibilidade de que plantas voltem a florescer na região.

Antártida cheia de florestas

Uma das primeiras pessoas a encontrar evidências de florestas antárticas foi o conhecido explorador britânico Robert Falcon Scott.

Retornando do Pólo Sul em 1912, ele encontrou fósseis de plantas na geleira Beardmore.

O peso adicional dos espécimes pode ter contribuído para a sua trágica morte (Scott morreu congelado dias depois de alcançar o Pólo Sul), mas revelou ao mundo o passado sub-tropical do continente.

A pesquisadora Jane Francis, da Universidade de Leeds, no norte da Inglaterra, seguiu os passos de Scott, passando dez temporadas na Antártida coletando fósseis de plantas.

"Ainda acho incrivelmente fascinante a ideia de que a Antártida foi um dia coberta de florestas", disse Francis à BBC.

"Temos como certo que a Antártida sempre foi uma vastidão gelada, mas as calotas de gelo são, em termos de história geológica, relativamente recentes".

Fósseis vegetais

Uma das mais incríveis descobertas da cientista foi feita nas Montanhas Transantárticas, não muito longe de onde Scott encontrou seus fósseis.

"Estávamos no alto dos picos gelados quando encontramos uma camada de sedimento cheia de folhas frágeis e gravetos".

Mais tarde, a equipe descobriu que esses fósseis eram restos de arbustos de faia (árvore típica de climas temperados).

Com idade em torno de cinco milhões de anos, os arbustos estavam entre as últimas plantas a viver no continente antes do seu resfriamento.

Outros fósseis revelam que florestas verdadeiramente subtropicais existiram na Antártida em períodos anteriores, durante a chamada "era dos dinossauros", quando níveis muito mais altos de gás carbônico provocaram um período de aquecimento global extremo no planeta.

"Se você voltar cem milhões de anos no tempo, a Antártida estava coberta de florestas (de árvores) altas, semelhantes às que existem hoje na Nova Zelândia", disse à BBC Vanessa Bowman, colega de Francis na Universidade de Leeds.

"Encontramos com frequência troncos fossilizados que devem ter vindo de árvores muito grandes".

Longas noites

Para os especialistas, a característica mais intrigante e bizarra das florestas polares era sua capacidade de sobreviver a longos invernos, onde a noite dura meses, e aos verões sem fim, quando o sol brilha à meia-noite.

O cientista David Beerling, da Universidade de Sheffield, no norte do país, explica qual foi o desafio que essas espécies tiveram de enfrentar:

"Durante períodos prolongados de escuridão no inverno quente, as árvores consomem seu estoque de nutrientes", ele disse. Mas se isso continua por tempo muito longo, elas vão acabar "passando fome", disse Beerling à BBC.

Para entender como as árvores sobreviveram a essas condições extremas, Beerling fez um experimento.

Entre as plantas que um dia viveram na Antártida está a espécie Ginkgo biloba, que por viver até hoje é considerada um fóssil vivo.

"O que fizemos foi plantar mudas dessas plantas em estufas sem luz onde pudemos simular as condições de luz da Antártida".

"Também aumentamos a temperatura e as concentrações de CO2 para obter as mesmas condições".

O experimento demonstrou que as árvores podem sobreviver incrivelmente bem a esse ambiente estranho. Embora usem seus estoques de alimento no inverno, elas compensam as perdas porque são capazes de fazer a fotossíntese 24 horas por dia no verão.

Dinossauros polares

Outros fósseis encontrados mostram que dinossauros também habitaram a região.

O especialista em dinossauros Thomas Rich, do Victoria Museum, na Austrália, encontrou vários exemplares desses fósseis.

"O único esqueleto de dinossauro completo que encontramos (na região) é o Leaellynasaura. O que é realmente incomum sobre esse espécime é o crânio. Ele indica que o animal tinha lóbulos ópticos maiores", ele explicou.

Segundo o especialista, isso indica que os dinossauros polares podem ter possuído uma visão noturna extremamente desenvolvida e, portanto, estavam bem adaptados para encontrar alimento e sobreviver aos prolongados invernos antárticos.

Aquecimentos globais no passado

Hoje, lençóis de gelo com espessura de três quilômetros cobrem uma região que um dia foi habitada por florestas e dinossauros.

Entretanto, registros geológicos oferecem provas irrefutáveis de que, em toda a história do planeta, vêm ocorrendo flutuações dramáticas no clima do Pólo Sul.

Nos últimos 50 anos, a temperatura na Península Antártica subiu em torno de 2,8 ºC, um aquecimento mais rápido do que em qualquer outra parte do mundo.

Se esse aquecimento continuar, os cientistas não descartam a possibilidade de que o Continente Antártico volte a ter a cor verde-esmeralda.

"Isso é possível", disse Francis à BBC. "Entretanto, isso implica que espécies de plantas sejam capazes de migrar pelo Oceano do Sul, vindas de lugares como a América do Sul ou a Austrália".


http://www.inovacaotecnologica.com.br

O xadrez do hidrogênio


É preciso pensar estrategicamente para adaptar o Brasil ao combustível do futuro
por Ennio Peres da Silva
Questões ambientais globais, instabilidades internacionais no fornecimento e elevação dos preços do petróleo com a conseqüente busca pela segurança no suprimento de energia são fatores que têm levado muitos países a buscar alternativas energéticas, entre elas o uso do hidrogênio, principalmente em células a combustível.
Uma característica fundamental dessa tecnologia é a necessidade de integração de diversas áreas do conhecimento, envolvendo cada uma das etapas da cadeia do hidrogênio: geração, processamento/armazenamento/transporte/distribuição, conversão, aplicações, além de ações transversais como análise de mercado, segurança, normatização e educação para esta nova tecnologia.

O Brasil participa desse esforço através de suas instituições de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), empresas e órgãos governamentais da área energética e tecnológica. A busca por uma ação nacional integrada teve início em 2000, com reuniões organizadas pela Finep, Financiadora de Estudos e Projetos. No final de 2002 foi lançado o Programa Brasileiro Sistema de Células a Combustível – ProCaC, pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, cujo objetivo principal é orientar as atividades de P&D em células a combustível e tecnologias associadas, a fim de otimizar a utilização dos recursos disponibilizados pelas agências financiadoras oficiais. Suas primeiras ações foram implementadas em 2004. Entre essas ações está a formação das redes de P&D que devem começar a atuar organizadamente em 2005.

No âmbito da política energética para o hidrogênio, o governo brasileiro, através da Ministra de Minas e Energia (MME), Dilma Roussef, assinou em 2003 um convênio de cooperação com os EUA, sendo convidado a participar da IPHE (International Partnership for the Hydrogen Economy), parceria internacional entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, destinado a alavancar o uso energético do hidrogênio em todo mundo.

No momento, o MME elabora o Roteiro da Política Brasileira para Estruturação da Economia do Hidrogênio, com a participação de várias entidades nacionais envolvidas com essa tecnologia. Como diretrizes gerais, o MME já definiu que o uso energético do hidrogênio será tratado na matriz energética brasileira como um vetor, favorecendo prioritariamente o uso das fontes renováveis de energia, como o álcool de cana. Num futuro em que boa parte dos automóveis estiver equipada com eficientes células a combustível, será mais compensador usar o etanol para produzir hidrogênio do que para mover carros com motor a álcool.


Antes, porém, a produção de hidrogênio como combustível poderá ser feita a partir do gás natural, do qual o país conta com reservas significativas recém-descobertas na Bacia de Santos. Estrategicamente, esse energético pode favorecer a transição para o uso intensivo do hidrogênio, devido ao menor custo envolvido na geração deste elemento a partir do gás natural.

É interessante notar que desde 2000, enquanto a política para o hidrogênio está sendo definida, os grupos de P&D e algumas empresas de base tecnológica que trabalham nas diversas áreas envolvidas vêm direcionando suas atividades para ramos mais ou menos complementares entre si, estabelecendo-se competências com pouca sobreposição. Sem dúvida que este “ordenamento natural” foi fruto das inúmeras reuniões e encontros promovidos entre esses grupos, com ou sem a participação governamental. Assim, enquanto programas governamentais de envergadura são estruturados, como aconteceu com o biodiesel, os grupos utilizam os recursos que têm à disposição para progredirem tecnologicamente, sem perder contato com os avanços internacionais naquele que está sendo preparado para ser o combustível do século XXI.

Ennio Peres da Silva É coordenador do Laboratório de Hidrogênio(LH2) e do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Universidade de Campinas (UNICAMP)
Scientific American Brasil

domingo, 9 de janeiro de 2011

Inversão de papéis: borboletas fêmeas cortejam os machos


Estudo constatou que comportamento sexual de espécie de borboletas é modificado dependendo da estação do ano

Certas fêmeas de borboletas se mostram sexualmente agressivas em relação aos machos quando são expostas a temperaturas frias no estágio de larva, um exemplo incomum de trocas de papéis sexuais, revela uma pesquisa publicada nesta quinta-feira (6).

Já quando as lagartas dessas borboletas se desenvolvem durante a estação quente e úmida, são os machos que assumem a iniciativa de sedução.

"O comportamento sexual dessas borboletas é modificado pelas temperaturas durante seu desenvolvimento", explica Kathleen Prudic, do departamento de ecologia e biologia da Universidade Yale (Connecticut, nordeste), coautora do estudo publicado na revista Science do dia 7 de janeiro.

Os cientistas constataram o fenômeno ao observar nas asas de certas borboletas fêmeas da espécie Bicyclus anynana - borboletas africanas muito utilizadas em pesquisas - lindos ornamentos de forma ocular, similares aos dos machos.

Na maioria das espécies, apenas os machos exibem tais adornos tão coloridos para atrair a atenção das fêmeas que escolhem seus parceiros.

Os atores deste estudo teorizaram que os comportamentos sexuais destas borboletas podem ser modificados em função das condições nas quais suas larvas se desenvolvem.

Testaram, então, o comportamento destes insetos cujas lagartas se desenvolveram em temperaturas quentes de 27°C ou frias de 17°C.

E como eles pensavam, as fêmeas de larvas que evoluíram nas temperaturas mais frias eram aquelas que apresentavam os ornamentos parecidos com os dos machos e se mostravam mais agressivas sexualmente.

Essas fêmeas do frio que cortejam ativamente os machos vivem mais tempo que aquelas de desenvolvimento larval de temperaturas quentes e de papel sexual passivo, indicou ainda o estudo.
(AFP)
(IG, 7/1)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

Choro de mulher derruba testosterona


Homens expostos a lágrimas femininas tiveram redução na concentração do hormônio, ligado à agressividade

Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo.
As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora o nível de testosterona do homem que estiver por perto, deixando o sujeito menos agressivo.

Mais: ver uma mulher se acabando de chorar mexe tanto com qualquer marmanjão que ele até deixa de lado sua vontade de fazer sexo com ela para, primeiro, saber o que está acontecendo.

Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada -e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de derrubar até o mais insensível dos durões.

Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando.

Colocaram, então, várias delas para assistir a "O Campeão" (1979), que conta a vida de um ex-lutador decadente que perdeu tudo, menos o filho, que adora o pai. Mas surge a mãe do guri, rica e malvada, que, apesar de nunca ter se interessado por ele, agora quer tirá-lo do pai.

A mulherada caiu no choro, e suas lágrimas foram coletas e levadas para uma sala com dezenas de homens.

Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel, como aqueles utilizados em lojas de perfume como amostra, e deixaram que fossem cheirados pelos homens.

O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido deixando os homens menos machões.

Ficaram tão sensíveis que, quando foram colocados para assistir à grande obra da história da cinematografia "Nove e Meia Semanas de Amor", filme erótico de 1986, relataram estar bem menos excitados do que os homens de um grupo que não tinha sido exposto às lágrimas.

O filme, que rendeu as sequências "Outras Nove e Meia Semanas de Amor" (1997) e "As Primeiras Nove e Meia Semanas de Amor" (1998), das quais os voluntários foram poupados, conta a relação amorosa e sexual (mais sexual do que amorosa) entre um magnata e a funcionária de uma galeria de arte em Nova York.

Os autores do trabalho, liderados por Noam Sobel, do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, publicaram o trabalho na última edição da revista "Science".

Sobel ressalta que faz sentido imaginar que o choro influencie os homens com frequência: "Quando abraçamos alguém amado, colocamos nosso nariz perto do rosto com lágrimas". O efeito acaba alguns minutos após o fim da exposição às lágrimas.

Ele lembra que há perguntas em aberto. Qual, afinal, a molécula presente nas lágrimas? Se fosse isolada, que tipo de produto poderia ser criado? Além disso, o choro masculino comunica algo?

"Nós especulamos que sim, e talvez o choro infantil também." Sobel diz que há, porém, uma dificuldade para fazer estudos assim: é mais difícil fazer homem chorar. "Se precisássemos de lágrimas masculinas neste estudo, gastaríamos vários anos a mais para terminá-lo", diz.
(Ricardo Mioto)
(Folha de SP, 7/1)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência